sábado, 13 de fevereiro de 2016

A empregada da loja

Aquele momento constrangedor em que entras sozinho numa loja para mulheres e a empregada chega perto de ti a perguntar se precisas de ajuda, com as bochechas rosadas e quase que com a voz a arrastar-se lá lhe dizes que agradecias, pois que queres oferecer algo a uma rapariga mas não sabes bem o quê! Até aqui foi tudo normal, mas a parte mais constrangedora é quando ela te pergunta "como é a rapariga?" - e é nesse momento que tudo começa a descarrilar - ela é simpática, tem a ternura no olhar, a confiança no seu sorriso, tem atitude e sabe estar presente, é boa ouvinte, raramente lhe escapa alguma coisa, ela é atenciosa sem exagero, mas também é carente quanto basta, não se deixa ser pisada, mas também não passa por cima de ninguém, valoriza os amigos e ainda mais a família, quem tem a sorte de conviver com ela sabe que pode sempre encontrar um porto seguro a seu lado, não importa o quão medonha seja a tempestade. É nesta altura que somos interrompidos pela empregada "então tu amá-la?", claro que não porque carga de água haveria de amá-la? Apenas constatei factos... "E como eu vou poder ajudar se não me disseres como é ela fisicamente? Quando te perguntei como ela é, só queria sei lá tipo as medidas, mas tu falaste como alguém apaixonado, que vê para além do visível, que conhece cada detalhe." Disse-me a empregada, sem saber o que lhe responder, virei costas, pedi desculpa e convidei-a para sair, porque se eu realmente amar essa rapariga então eu não quero amá-la, ela é a parte boa de mim, não a quero influenciar pela minha parte má... As vezes amamos tanto, que desejaríamos não amar, na despedida dói muito mais... Bah não comprei o presente, mas saquei o número da empregada. 

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